terça-feira, 21 de junho de 2016

Fim de Outono



Há tempos não escrevia uma nova crônica, os últimos dias têm sido frios, gélidos, estagnados, não lhe permitiam arregaçar as mangas, na verdade ultimamente usava mangas longas que ocultavam suas mãos, delicadas mãos de moça, símbolo do trabalho divino.

Sonhou com Palas Atena e despertou com a sensação de que não havia nada mais justo, “finalmente”, sussurrou para si. Demorou-se a levantar da cama, os dedos esguios da mão delicada escaparam para fora dos lençóis e buscaram ligar o notebook, pouco depois, estes mesmos dedos enrolavam um pequeno papel, recheado de erva; os lábios tocaram na folha e sugou a brasa que incandesceu e enfumaçou o âmbito, espalhando seu aroma por outros cômodos da casa, todos vazios.

Despertou tarde, mas ainda com tempo para aproveitar algo, recebera um argumento para transformar em roteiro para um filme de curta metragem, tinha outro projeto pessoal em andamento, mas o frio estagnava e a preguiça lhe preponderava, não obstante, lembrou-se que escreveu seu ultimo texto quando ainda era verão – os turistas abarrotavam a ilha, vindos principalmente, da Argentina e Uruguai, mas havia também europeus, norte-americanos; certa vez dialogara com um grupo de Israelitas bem simpáticos – hoje a ilha está vazia e fria.

Não quis sentir-se como o ambiente ao seu redor, estava feliz, A Deusa Razão concedera-lhe em sonho o intuito de completar um novo objetivo; deixou o beck de lado um pouco, a brasa que sugou lhe aqueceu o peito, mas ainda faltava algo, pôs-se a escrever.

Texto: Carlos Eduardo Taveira dos Santos.
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